5 de novembro de 2010

Clara de Assis: valores evangélicos e humanos



Por Frei Fernando de Araújo,OFMConv.

No documento da proclamação do oitavo centenário do nascimento de Santa Clara de Assis, os quatro Ministros Gerais (OFM, OFMConv., OFMCap., TOR), convocaram todos os franciscanos e franciscanas a mergulharem profundamente nos valores fundamentais que fez de Clara de Assis uma mulher fora do comum para sua época. Os valores humanos e evangélicos que Clara encarnou em sem tempo, fazendo-se discípula do Evangelho e humilde plantinha do bem-aventurado Francisco, foram as grandes conquistas de Clara ao projeto de vida iniciado pelo pobrezinho de Assis.


É importante destacar que Clara começou sua jornada espiritual de baixo para cima, ou seja, tendo recebido a herança espiritual de Francisco se consumiu totalmente na contemplação do amor de Deus pelos homens e mulheres e que o amadurecimento humano era uma condição para uma verdadeira experiência de Deus.


Ao contemplá-lo, de forma constante, percebeu a importância da vida, da presença de cada irmão e irmã, como também de toda criação. E esses valores estão sempre presentes na vida de Clara, pois ela, para progredir constantemente no discipulado do Senhor, precisou ter esses ideais para uma profunda contemplação do amor de Deus.


Mas, o maior valor que Clara cultivou foi deixar tudo por Jesus Cristo! O abandono da casa paterna com todo o seu conforto, foi por Jesus Cristo. Deixar tudo para abraçar o Cristo pobre, humilde e crucificado foi o único e verdadeiro valor de sua vida. Por isso, ela O toma com esposo, como razão da sua existência. Não mais os pobres, mas o pobre; não mais oração, mas o encontro com Ele na oração!


Por isso, na caminha espiritual de Clara é preciso perceber os valores espirituais que ela vai adquirindo com o passar do tempo! Um valor importante que ela aprendeu com a convivência com Francisco foi a experiência do Crucificado. Tendo feito a experiência da cruz, Clara percebeu a pobreza como um valor indispensável na vida dela e na das demais companheiras. A pobreza proposta por Clara é a mesma que Francisco: “porque Jesus e sua Mãe foram pobres”. Ela não consegue ver Jesus Cristo senão como um pobre. Para isso, podem-se recordar os diversos passos de sua vida, como ela os vê no seu espelho de contemplação. Sua adesão maior foi na luta por não ter nada de próprio, como aprendeu com Jesus e Francisco.


Outro ponto importante para essa mulher extraordinária era a contemplação que cultivava, pois sempre foi uma “porta segura” para abraçar a causa do Crucificado, sempre na ótica de Francisco de Assis. E a característica da contemplação de Clara é toda visual, como a de Francisco: é pelos olhos que ela abre as portas para que as imagens vivas do Senhor presente na natureza e nas pessoas arranquem de sua interioridade aquela figura do Crucificado Pobre que sobe desde as suas raízes mais profundas.


Mas, para chegar a esta visão, Clara percebeu a beleza da vocação, que precisou ser cultivada a cada dia, com uma profunda intimidade com o Senhor. E tudo isso, porque ela enxergava em toda a vida a santidade, bem como toda existência humana, como uma resposta a vocação: dom constante de Deus que chamou à vida e ao qual se tem que querer corresponder diariamente, sempre crescendo do humano para o divino, para poder chegar ao princípio de tudo, que é Deus.


E a resposta à vocação recebida é o louvor ao Criador, que Clara aprende de Francisco e ensina a todos. Como a de Francisco, a vida de Clara é uma explosão de louvor a Deus. Todos os seus escritos transbordam dessa alegria de que vive descobrindo a presença do amor em tudo, pois sabia que tudo que existia vinha das mãos bondosas do Criador.

Estes foram alguns dos valores importantes existentes na vida de Clara de Assis, que a fizeram irradiar alegria e paz para todas suas companheiras e para todos. Por isso, olhando esses exemplos da fundadora das Damas Pobres, todos os homens e mulheres são convidados a cultivarem esses valores importantes para vida, principalmente o valor da gratidão a Deus pela existência. T

Fonte: Reflexões de Espiritualidade Franciscana

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